8.28.2011

Crônica

Dia desses, caminhando pela calçada vejo um cadeirante do outro lado da rua.
Percebi uma certa dificuldade em sua locomoção, a calçada não é da melhores naquele trecho e logo em seguida havia uma pequena subida.

Eu olhava aquele homem e não havia pena no meu olhar. Ele chamou minha atenção, só isso. E também(chamou-me atenção) a reação a falta de reação dos transeuntes que por ele passavam. Ninguém parava ou sequer parecia voltar o olhar para ele.

Eu mesmo me repreendia por estar olhando para aquele jovem senhor(um certo medo de parecer preconceituoso). Mas ele me chamou a atenção. E qual o problema de olhar? Não me policio quando olho para um pessoa que anda normalmente.

Observava a cena de longe. E decidi me aproximar, talvez aquele homem precisasse de ajuda. Atravessei a rua e abordei o cara:
- Olá! Posso ajudar o senhor?
- Não, não precisa. Obrigado. Estou esperando minha esposa. Vou ficar por aqui mesmo.
- Não mesmo?
- Não, não(com muita simpatia e polidez). Aqui está ótimo.
- Ah, ta. (Sorri educadamente enquanto retomava meu caminho e finalizávamos nosso diálogo)
- Tchau então. Obrigado, sim? Tenha uma boa semana.
- Valeu! igualmente pro senhor. Parou de chover, tomara que não chova denovo, né?!
- Ah, mas isso passa logo.

Essa última frase me levou a reflexão:

Eu achei que ele precisava de ajuda. No fim, percebi que as pessoas no geral(e me incluo nisso) costumam reclamar de coisas pequenas. E a positividade daquele homem me deixou intrigado. Marcou meu dia.

Saí pensando sobre o preconceito e a dificuldade que é ter uma deficiência física.
E aí me peguei pensando na palavra deficiência. Essa palavra me levou a pensar que EU também sou um deficiente físico - Sou míope e tenho uns ossos fora do lugar - Além dessas deficiências físicas eu tenho outras deficiências. Deficiências emocionais, deficiências intelectuais(...) assim como todo mundo, afinal: ninguém é perfeito.
Em resumo: Todos podem ser considerados deficientes, sim ou não?

Apesar de seu problema com a locomoção aquele cara parecia mais saudável que a maioria. A maioria que reclama do mau tempo. A maioria que reclama quando está quente. A maioria que reclama.
Pessimismo é doença. You know? -Positive vibrations, YEA!

E isso me lembrou de uma frase que li também nessa semana:
Se é um problema tem uma solução. Se não posso resolver é porque não é um problema. (ou algo por ai)